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(Re) Viver leva maior atenção a custodiados psiquiátricos da Máxima com atividades pedagógicas, esportivas e culturais

Com o objetivo de promover o bem-estar, harmonia coletiva e qualidade de vida no dia a dia de pacientes da psiquiatria em situação de privação de liberdade, foi lançado este mês, no Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” (EPJFC), o projeto “(Re) Viver Atrás das Grades”, que busca envolver os custodiados em medidas de segurança e com transtornos mentais em atividades como jogos pedagógicos, exibição de filmes e elaboração de poemas e trabalhos artísticos, além de atividades esportivas.

A Máxima de Campo Grande é referência no Estado para atendimentos a pacientes que precisam de atenção voltada à psiquiatria, uma vez que, dispõe de uma ala que mantém os internos no bloco de atenção à saúde, sob supervisão para tomada da medicação, até o período da alta médica.

Elaborado pela assistente social da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Maria Guiomar de Almeida, responsável pelo Setor de Saúde da penitenciária, a iniciativa tem ênfase na otimização do tempo livre, durante o banho de sol dos internos. “Surgiu a partir do incômodo de vê-los ociosos, muitas vezes sem suporte e visita familiar. Espera-se observar, a médio e longo prazo, melhora dos relatos de ansiedade, com redução de surtos e adesão às terapêuticas já estabelecidas nas consultas médicas”, explica a assistente social.

O projeto “(Re)viver atrás das grades: entre jogos, cine-arte, rabiscos e pinturas” vai beneficiar, diretamente, cerca de 100 internos pacientes da psiquiatria custodiados na ala de psiquiatria do presídio de segurança máxima.  A execução da proposta será dividida em dois eixos, sendo: realização de jogos pedagógicos e Cine – Arte, com atividades organizadas por “semana padrão”. Pela proposta, os resultados serão projetados em “festivais educativos”.

De acordo com a idealizadora, a “semana padrão” é uma estratégia para que haja rodízio das atividades entre segunda a sexta-feira, durante o período de 1 mês completo. “O objetivo da semana é realizar atividades seriadas, que possa contribuir de forma significativa com o bem-estar dos pacientes”, explica, reforçando que cada atividade tem um fim terapêutico.

Os jogos de tabuleiro e de dados, por exemplo, visam estimular o raciocínio e a concentração, vinculados à resolução de problemas. Já no festival Cine–Arte, serão exibidos filmes de caráter reflexivos, a partir dos quais os internos participantes irão elaborar desenhos, pinturas ou poemas. Por fim, com o festival de badminton, atividade esportiva que envolve o uso de raquetes e petecas, o objetivo é estimular a criação e socialização, através de brincadeira em grupo. “Esses momentos de entretenimento podem auxiliar no tratamento e reinserção social, pois leva valorização e motivação a eles, possibilitando um novo ânimo, além de trabalhar o cognitivo”, afirma a idealizadora.

Segundo Guiomar, a iniciativa é resultado da experiência acumulada durante os 18 anos que atua no sistema prisional, principalmente frente à realidade de abandono, por parte da família, que muitos desses custodiados com problemas psiquiátricos enfrentam. “Tive a ideia de tentar, junto a alguns órgãos parceiros, que pudessem auxiliar o projeto, em sua aplicabilidade, para que realizássemos um trabalho útil, bonito e, principalmente, que os tornassem mais felizes e na esperança de que amenizasse a dor do abandono e demais restrições em que eles vivem”, comenta.

Parcerias

Para colocar a proposta em prática, a unidade prisional contou com doações do Ministério Público Estadual (MPE), por meio da 50ª Promotoria de Justiça, e da Defensoria Pública do Estado (DPE). Presente no lançamento oficial do projeto, na última quarta-feira (1º.12),  a promotora de justiça Jiskia Sandri Trentin reforçou a importância de projetos que proporcionem humanização ao sistema carcerário.

Na oportunidade, Jiskia também fez questão de destacar pessoas que contribuem com iniciativas que vão além da própria obrigação funcional. “Dentre elas, a promotora Renata Goya, que idealizou o projeto Reintegra voltado à desinternação e acolhimento de pessoas que cumprem medidas de segurança; a defensora pública Thaísa Raquel, que tomou a frente e buscou recursos para adquirir estes jogos que farão parte do projeto (Re) Viver; e a servidora penitenciária Maria Guiomar, que tem lidado diariamente com esses pacientes e teve essa ideia de fazer algo diferenciado. Eu me espelho nelas para poder fazer a mesma coisa com o meu trabalho, fazer algo em prol do próximo”, enfatizou a promotora.

O diretor da Máxima, Mauro Augusto Ferrari de Araújo, ressaltou que todas as iniciativas que agregam à rotina da unidade e levam tempo de qualidade aos apenados são abraçadas pela direção. “Se cada um contribuir com uma parcela, podemos possibilitar maior efetividade durante o cumprimento de pena”, disse, parabenizando a servidora e as instituições parceiras.

Com apoio das instituições envolvidas,  além dos jogos, também foram entregues aos apenados participantes kits contendo camiseta, chinelo e produtos de higiene pessoal durante o lançamento do projeto.

Também estiveram presentes no evento a diretora de Assistência Penitenciária, Elaine Arima Xavier Castro; as chefes de Divisões: Maria de Lourdes Delgado Alves (Assistência à Saúde Prisional) e Marinês Savoia (Promoção Social); além de servidores penitenciários e equipe de saúde que atua na unidade penal.

Texto: Keila Oliveira e Tatyane Santinoni

Fotos: Tatyane Santinoni

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