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Artigo: Seca nas lavouras e o impacto no preço dos produtos derivados da soja

Está cada vez mais evidente que as compras no supermercado ficaram mais difíceis com o passar dos anos não é mesmo? Nos últimos meses a grande maioria dos produtos, sobretudo os alimentícios, tiveram significativos aumentos nos preços, forçando os consumidores a fazerem substituições em suas marcas de preferência por outros mais acessíveis. Mas vamos entender parte dos motivos que levaram a esse cenário:

Sabemos que o agronegócio é o setor que movimenta a economia e que a soja e o milho são os grãos mais comercializados, tanto para produção local como para exportação.

A soja é uma matéria prima importante para a produção na indústria de alimentos como temperos prontos, massas, chocolate, salsicha e até mesmo sorvete por exemplo. Na indústria química ela é encontrada em vernizes, tintas, plásticos e cosméticos, além de estar no biodiesel e em rações de animais como suínos, aves e bovinos.

Hoje a soja é a principal cultura brasileira e a principal oleaginosa produzida no país, representando 40% do comércio mundial do grão e 73% do óleo. Indiretamente consumimos muitos produtos que dependem dessa matéria prima para a sua produção.

Neste contexto, a cultura da soja ganha cada vez mais destaque em diversos estados brasileiros, principalmente na região sul e centro-oeste. Porém, quando falamos em agricultura, alguns fatores oferecem riscos que não podem ser controlados. Entre eles estão os volumes adequados de chuvas nas épocas certas para o desenvolvimento da planta.

Na safra 2021/2022 os casos de estiagem e calor tem prejudicado as lavouras em várias regiões do país. Já se estima um prejuízo de R$45,3 bilhões em diversas áreas dos estados de Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

A estimativa de produtividade das lavouras de soja no Mato Grosso do Sul, segundo dados do sistema de Informação Geográfica do Agronegócio SIGA/MS, passou de 56 para 50 sacas por hectare. Com isso a safra 2021/2022 deve apresentar perdas efetivas em cerca de 1 milhão de toneladas.

Diante deste cenário, os 79 municípios do estado decretaram situação de emergência e estima-se um prejuízo de R$1,6 bilhão. Quando decretada situação de emergência, o governador permite que o agricultor acione o seguro e solicite melhores prazos para o pagamento das suas dívidas. O impacto econômico vai além dos que envolvem produtor e agências financiadoras, com a estiagem e baixa produtividade, já é possível notar uma alta nos preços dos produtos relacionados, sobretudo aqueles que necessitam diretamente da cultura da soja como matéria prima.

A baixa oferta de soja e seus derivados, associada a valorização do dólar que estimula a exportação, forçam o aumento do seu preço e consequentemente aumento no custo de produção de muitos itens adquiridos no supermercado.

Por isso, no curto e médio prazo não podemos esperar uma queda nos preços desses produtos, e se você quiser diminuir suas despesas com supermercado uma saída será optar pela substituição ou até mesmo a diminuição do consumo. A escolha é sua.

Autores:

Ana Paula Dalmagro Delai é Contadora, Mestre e Doutoranda em Agronegócios pela UFGD. E-mail: anapauladelai@hotmail.com

Fábio Mascarenhas Dura é Administrador, Mestre e Doutorando em Agronegócios pela UFGD. E-mail: fabiodutra@ufgd.edu.br

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