Um dos ídolos da história recente do Grêmio anunciou na manhã desta terça-feira que vai encerrar a trajetória como jogador de futebol ao final da temporada. Em entrevista coletiva na sala de imprensa do CT Luiz Carvalho, Pedro Geromel revelou que decidiu pendurar as chuteiras para se dedicar à família e ainda não definiu os próximos passos da carreira.
– Gostaria de comunicar a vocês que decidi me aposentar ao final do ano. Como sempre tive muito respeito e carinho pelo torcedor, gostaria que eles soubessem por mim. No final do ano encerro minha carreira. Sei que ainda faltam dois meses para o final do ano, vou continuar fazendo o meu melhor como sempre fiz nessa última década. Essa é minha decisão final, converso bastante com a direção, com a comissão técnica, todo mudo já está sabendo – disse o zagueiro em pronunciamento.
Aos 39 anos, o zagueiro vai encerrar a trajetória no futebol depois de 11 temporadas defendendo a camisa tricolor. Pelo clube gaúcho, soma 405 jogos, 216 vitórias, 98 empates e 91 derrotas. Aproveitamento de 61,39%. Fez 15 gols e deu cinco assistências de janeiro de 2014 até o momento.
Geromel é o 13º jogador com mais partidas na história do Grêmio. Ao longo deste período, conquistou um total de 11 títulos. A Copa do Brasil de 2016, a Conmebol Libertadores em 2017 e a Recopa Sul-Americana em 2018 foram os principais, além de sete títulos do Campeonato Gaúcho.
Também em 2018, foi convocado para a seleção brasileira e disputou a Copa do Mundo da Rússia. Além das conquistas, formou a dupla histórica ao lado de Kannemann. As fotos de ambos beijando as taças se repetiram após cada título conquistado e ajudaram a fomentar a idolatria entre a torcida.
Nas últimas temporadas, o zagueiro conviveu com problemas físicos. Disputou apenas sete jogos em 2023. Neste ano, virou reserva do time e esteve em campo em apenas 21 vezes, dos 56 jogos que o Grêmio já disputou em 2024. Até o final do ano, terá a oportunidade de disputar mais 11 partidas, o total de jogos que restam ao Grêmio ao final do Campeonato Brasileiro.
edro Tonon Geromel construiu uma carreira de poucos clubes. Iniciou na Portuguesa, jogou nas categorias de base do Palmeiras, mas foi alçado ao profissional em Portugal, pelo Grupo Desportivo de Chaves, passou pelo Vitória de Guimarães e depois se transferiu ao futebol alemão, ao Köln. Antes de chegar ao Grêmio, defendeu o Mallorca, da Espanha.
Confira mais trechos da entrevista:
O que motivou a decisão
“Ano passado tive muitas dificuldades de jogar e esse ano graças a Deus eu estou conseguindo treinar todos os dias, não faltei a quase nenhum treinamento. Eu tive a lesão no braço no jogo na Argentina contra o Estudiantes e a minha ideia era parar no meio do ano. E aí uma semana antes da enchente eu tive essa lesão, tive que fazer a cirurgia e teve a enchente aqui, que afetou todo o povo gaúcho. Eu conversei com a direção e a gente não achou apropriado parar nesse momento e estendemos o vínculo até o final do ano. Eu já tinha praticamente decidido que ia parar, mas me comprometi a ajudar e facilitar, ajudar nesse momento de transição para que o Grêmio não sofra tanto”.
Por que anunciar agora
“Eu sei que ainda faltam dois meses, mas eu vou estar vindo todos os dias e aí vão começar a se especular muitas situações e muitas coisas. Eu prefiro já ser simples e verdadeiro. Para mim a verdade é uma só. Eu não vou deixar de fazer, eu vou continuar fazendo a mesma coisa. Eu estou muito apto para jogar se o Renato precisar na sexta-feira. Estou superpronto, me sinto bem, estou sem dor, estou conseguindo performar, então estou preparado para ajudar ainda nesses últimos dois meses, mas comunico agora pra evitar qualquer especulação”.
Trajetória no Grêmio
“Para mim o momento mais épico, histórico, é quando a gente vai jogar a final lá no Mineirão da Copa do Brasil, com Grêmio há 15 anos sem conquistar um título. E a gente consegue fazer um gol no último lance, onde eu faço uma jogada e cruzo com o Cebolinha. Para mim esse momento vai ficar eternizado na minha memória. Foi um gol decisivo que praticamente decidiu o título ali para a gente. E a alegria, né? De sair na rua e ser reconhecido, como você mesmo fez referência. Eu sou muito grato a todos os torcedores que sempre me apoiaram, todo mundo em Porto Alegre que sempre me recebeu de braços abertos. E o prazer que eu tenho de vestir essa camiseta, de ter a sorte de ter jogado no Grêmio por tanto tempo. Só agradecer a todo mundo”.
Importância do Grêmio na vida
“O Grêmio me possibilitou ganhar títulos, vestir a camisa da seleção brasileira, ser conhecido pelo meu trabalho. Eu acho que todo profissional tem esse desejo, eu sou muito grato por tudo que o Grêmio proporcionou. Meus filhos são gaúchos, eu tenho três filhos que torcem muito, que me cobram muito porque eu não estou jogando, que reclamam quando a gente ganha, quando a gente perde, que vão para escola, usam a camiseta, ficam faceiros de ir para o estádio. Então o Grêmio hoje faz parte da minha vida e eu sou muito grato por tudo isso. Muito feliz por ter tido essa oportunidade”.
Planos para o futuro
“Eu saí de casa com 17 anos, já estou com 39, já fazem 22 anos que eu estou nessa estrada. E agora eu estou priorizando o meu tempo com a minha família, vou ser mais presente, vou ser mais pai, vou levar as crianças na escola, buscar. O que que eu vou fazer depois? Sinceramente não sei. E tenho essa vontade de passar mais tempo em casa. Se eu ficar aqui eu vou querer fazer tudo direito, vou querer treinar, eu sou um dos primeiros a chegar, um dos últimos a ir embora, porque eu tenho que me preparar, tenho que me condicionar, tenho que cuidar a alimentação, tenho que cuidar do meu descanso, tenho que fazer tudo isso, não é simplesmente chegar e jogar sexta-feira. Seria muito legal jogar mais um Gauchão e jogar mais no Campeonato Brasileiro, mas isso demanda muito de mim. Então eu decidi fazer isso para priorizar outras coisas”.
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