A Justiça retirou o monitoramento eletrônico do ex-presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário de Oliveira. Em maio deste ano, ele foi preso dentro das investigações da Operação Cartão Vermelho, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado), apurando suspeita de desvios de mais de R$ 6 milhões na entidade.
De acordo com a decisão publicada no Diário Oficial de Justiça desta sexta-feira (18/10), o prazo estabelecido na condicional inicial era de 90 dias, terminando no final de setembro. “Portanto, decorrido prazo não mais subsistem os motivos para o monitoramento eletrônico”, diz a determinação.
Francisco Cezário de Oliveira acabou preso no dia 21 de maio, deixou a cadeia em 6 de junho e teve a preventiva decretada em 27 de agosto após violar medidas cautelares impostas pelo juiz para responder em liberdade, saindo novamente em 14 de setembro.
Ele é apontado como o principal nome do esquema de corrupção instalado dentro da FFMS, conforme apontam as investigações.
Na operação, além dele, outras 11 pessoas, todas ligadas à entidade que comanda o futebol sul-mato-grossense foram denunciadas pelo MPMS.
Destituído
Cezário foi destituídodo cargo de presidente da FFMS na tarde de segunda-feira (14/10) após ocupar a função durante 28 anos.
A decisão foi tomada em assembleia convocada e realizada na sede da entidade, em Campo Grande, com clubes do futebol profissional e também vinculados a ligas amadoras do Estado.
Na ocasião, a maioria dos votos apontaram pela saída de Francisco Cezário do comando da Federação. Antes, a Justiça o havia afastado do cargo por conta das investigações.
Estevão Petrallás, ex-presidente do Operário, foi nomeado interventor e permanece no poder até a realização de novas eleições na FFMS, agendadas para 1º de novembro, onde é candidato a concorrer pelo cargo de forma efetiva.
Cartão Vermelho
A Operação ‘Cartão Vermelho’ foi deflagrada no dia 21 de maio na intenção de desarticular organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos dentro da FFMS.
De acordo com as investigações do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o presidente afastado é apontado como um dos líderes de esquema que desviou aproximadamente R$ 6 milhões da entidade.
Conforme o MPMS, o dinheiro chegava à Federação através de convênios assinados com o Governo do Estado e através da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A partir daí, os valores eram desviados.
“Durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou, na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros”, afirma nota encaminhada pelo Ministério Público no dia da operação.
Ainda segundo as investigações, uma das formas de desvio acontecia através de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação, em valores não superiores a R$ 5 mil para “não alertarem os órgãos de controle”.
Depois, o dinheiro era “dividido entre os integrantes do esquema”, afirma o MPMS.
Durante os meses de investigação, foi constatado que os integrantes do grupo realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.
Além dos saques realizados com valores baixos, a organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
“Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”.
Fonte: Dourados News
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