A primeira conversa formal entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ocorrer nos próximos dias e, segundo avaliação do governo brasileiro, será realizada de forma remota — por telefone ou videoconferência.
O tema central será o tarifaço de 50% imposto por Trump a produtos brasileiros, que vem tensionando a relação comercial entre os dois países. Além disso, estão na pauta as sanções aplicadas a autoridades do Executivo e do Judiciário brasileiro.
Encontro relâmpago em Nova York
O anúncio ocorreu após uma rápida interação entre os dois presidentes nesta terça-feira (23), durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Segundo Trump, foram apenas “39 segundos” de conversa, mas o suficiente para que ambos concordassem em realizar um encontro formal.
“Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Quando não gosto deles, eu não faço. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal”, disse Trump.
A informação foi confirmada posteriormente pelo governo brasileiro.
Sinalização dos EUA
Em entrevista à GloboNews, a porta-voz do governo norte-americano, Amanda Robertson, afirmou que o encontro não estava planejado, mas que o momento é de “reavaliar a relação comercial entre os países”.
Ela explicou que caberá aos diplomatas organizar a conversa: “Quando os presidentes concordam em dialogar, cabe à diplomacia definir data, hora e formato. É assim que funcionam as reuniões de alto nível”, disse.
Preocupação no Itamaraty
No Brasil, a diplomacia prepara o terreno com cautela. No Itamaraty, a orientação é organizar todos os detalhes para evitar constrangimentos semelhantes aos sofridos por outros líderes, como Volodymyr Zelenski (Ucrânia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), que já foram humilhados por Trump em encontros na Casa Branca.
Essa deve ser a primeira conversa direta entre Lula e Trump desde a adoção do tarifaço. A viagem de Lula a Nova York também foi sua primeira ida aos EUA após a decisão de sobretaxar os produtos brasileiros.
Em seu discurso na ONU, o presidente brasileiro respondeu indiretamente às pressões: afirmou que a democracia e a soberania do Brasil são “inegociáveis”, classificou como “inaceitável” qualquer agressão ao Judiciário e rejeitou a possibilidade de anistia a quem ataca a democracia.
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