Imagine entrar desavisada em um bar do Centro de Campo Grande em um sábado à noite, sem grandes expectativas, e se deparar com uma banda de rock e uma orquestra no mesmo palco. Foi exatamente essa surpresa que deixou o público maluco no último sábado, porque a mistura da música clássica com o peso do rock deu muito certo.
O evento foi no Blues Bar e quem estava acostumado a ver bandas tocando no pequeno palco se surpreendeu ao encontrar uma orquestra executando arranjos de rock clássico. O maestro Rodrigo Faleiros, à frente da orquestra, sempre sonhou em fazer algo desse tipo. “Galera curte para caramba o repertório. Quando propus, todo mundo quis participar”, disse ele, acrescentando que 11 músicos participaram da apresentação, incluindo integrantes da banda municipal e músicos que tocam em igrejas.
Rodrigo, que é experiente na cena rock de Campo Grande, ressaltou o desafio de organizar um espetáculo tão grandioso em um espaço pequeno. “Precisamos de um local para ensaiar, porque é muita gente. Não dá pra ser na salinha de casa como era na minha época de banda”, lembra.
Rafael de Barros Siqueira, músico e produtor do evento, cantou e brilhou na noite. (Foto: Dilma Bernardes)
Apesar das dificuldades, o grupo conseguiu ensaiar apenas uma vez antes do show com a banda, o que reforça a ousadia dessa turma. “Leva quase uma semana para preparar cada arranjo”, explicou o maestro, destacando o cuidado com a microfonação dos instrumentos da orquestra para que fossem ouvidos com clareza.
O repertório foi um show à parte, com clássicos de Queen, Kiss, Led Zeppelin e outros ícones do rock, todos reinventados com arranjos orquestrais que trouxeram um novo brilho às músicas. Vanessa Amin, uma rata de bares de rock e blues, ficou encantada: “Aqui em Campo Grande, foi a primeira vez que vi algo assim. Foi maravilhoso!”
Rafael de Barros Siqueira, músico e produtor do evento, destacou a complexidade de realizar um show desse porte. “Sempre quis fazer algo assim, inspirado em shows de bandas como Metallica, Kiss e Deep Purple, que já exploraram a mistura com orquestra. Mas é difícil viabilizar um show desse em Campo Grande”, contou.
Ele também explicou que a logística e os custos foram os maiores desafios. “A casa tem um limite de público e o valor dos ingressos não reflete o tamanho do projeto”, afirmou. No entanto, a vontade de oferecer algo diferente ao público foi maior que as dificuldades.
O resultado? Um show que uniu o peso das guitarras com a sofisticação dos violinos, violoncelos, clarinetes e trompas, oferecendo uma experiência sonora incrível, que salvou a noite de sábado de uma galera desavisada, que mal sabia do evento. “Sinto que o aspecto que a música clássica trouxe ao rock foi um ar sofisticado, e ao contrário, o rock trouxe um ar despojado para a clássica. Foi uma fusão absurdamente interessante”, disse Rafael.
Até a mãe de Rafael ficou impressionada. Marisa de Freitas, de 72 anos, saiu de casa para ver o que essa mistura ia render. Ao final, ela foi até ao fumódromo fazer pesquisa com público para saber o que a galera havia achado: “Todo mundo adorou a proposta, o pessoal está doido para ver de novo”, contou.
O espetáculo, chamado Rock in Concert, contou com músicos de destaque dos principais projetos de música clássica da cidade, como o Núcleo Sinfônico da UFMS, Candlelight e a Orquestra Sinfônica de Campo Grande.
Com o sucesso do evento, a equipe já pensa no próximo show, desta vez focado em Pink Floyd. Rodrigo, o maestro rockeiro, garante que já tem outros arranjos prontos, mas também está pronto para elaborar outros.
Fonte: Campo Grande News
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