Em processo de negociação, o grupo russo Acron fecha a compra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras em Três Lagoas no MS, segundo anúncio realizado pela Ministra Tereza Cristina no dia 04 de fevereiro. Apesar disso, representantes do grupo Acron, Petrobrás e prefeitura de Três Lagoas ainda precisam definir alguns pontos como doação de terreno, concessão de incentivos fiscais e prazos de operação.
A construção da indústria é uma obra já em andamento, que estava paralisada desde 2014 e colocada a venda em 2017. A retomada do projeto significa um passo importante para o Brasil e para a economia do estado de MS.
Atualmente, o Brasil é responsável por cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o quarto país do mundo, atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos. A demanda brasileira tem superado o crescimento da oferta nacional e o fornecimento de fertilizantes tem ocorrido por meio de importações, responsáveis por 80% do consumo nacional.
Fertilizante é definido na legislação brasileira como “substância mineral ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um ou mais nutrientes vegetais”. Nutrientes essenciais são aqueles imprescindíveis para que uma determinada planta complete seu ciclo de vida.
O Brasil é uma potência agrícola. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2021 a balança comercial do agronegócio teve um superávit de US$105,1 bilhões, valor 19,8% maior que em 2020, resultando em um recorde no valor de exportações. Ainda segundo o instituto os 15 principais produtos exportados pelo Brasil têm origem no agronegócio, com destaque para a soja em grãos, a carne bovina, e o açúcar.
O principal nutriente aplicado no Brasil é o potássio, com 38%, seguido por cálcio, com 33%, e nitrogênio, com 29%. A maior cultura agrícola brasileira é a soja, que demanda mais de 40% dos fertilizantes aplicados. Em 2018, o volume de importação de fertilizantes no Brasil foi de 24,96 milhões de toneladas, com aumento de 4% em relação ao ano de 2017. Os fertilizantes nitrogenados representaram 35% do volume total, com 8,77 milhões de toneladas e aumento de 1% em relação a 2017.
A revitalização e a reestruturação da cadeia de produção nacional de fertilizantes, desde a extração da matéria-prima mineral até a transformação e a comercialização ao produtor rural, constituirão um motor de geração de empregos, renda, arrecadação e desenvolvimento regional.
Dentre os benefícios, outros pontos devem ser aprimorados e alinhados com as premissas de desenvolvimento sustentável. Riscos e oportunidades criam uma necessidade de investimentos em tecnologias e a valorização da produção no campo.
O aumento na demanda por alimentos é crescente, o risco de desabastecimento provocado por alta nos preços, por exemplo, gera uma necessidade de investimentos em tecnologias e produções internas que incentivem a produção brasileira de alimentos.
O uso de fertilizantes no campo garante o fornecimento dos nutrientes necessários para a planta se desenvolver resultando em maior produtividade, ao mesmo tempo que impactos ambientais como contaminação de solo e rios são discutidos.
Para sanar estes desafios, o uso de tecnologias para aumentar a eficiência e otimizar a aplicação e aproveitamento dos fertilizantes surgem como uma medida de preservação do meio ambiente, além dos incentivos internos de produção de fertilizantes, que diminuem os custos e servem como potencial para a produção agrícola nacional, alinhado as normas de licença ambiental.
Mais uma vez a tecnologia sendo a ponte entre riscos e oportunidades no agronegócio!
Autores:
Fábio Mascarenhas Dura é Administrador, Mestre e Doutorando emAgronegócios pela UFGD. E-mail: fabiodutra@ufgd.edu.br
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